Por que compartilhar internet pode ser uma furada?

 

O tema é polêmico, recente e envolve muitas nuances. Se o sinal de Wi-Fi é meu, posso distribuir a senha pra quem eu quiser? Posso compartilhar internet com o vizinho e cobrar um valor mensal por isso? E se eu quiser abrir o sinal pra todos que estiverem por perto, pode?

Os tribunais ainda estão discutindo algumas dessas questões, mas uma coisa é certa: compartilhar internet traz uma série de perigos, riscos e inconvenientes. O compartilhamento de sinal de Wi-Fi pode acontecer em um ato de pura generosidade, pode envolver uma contrapartida financeira ou pode até ser uma decisão ideológica.

Entretanto, o fato é que, quando contratamos um serviço de internet, todos nós queremos navegar com tranquilidade, velocidade, segurança, qualidade e, claro, com um bom custo-benefício. Já quando você compartilha internet de graça ou mediante pagamento, pode ter a qualidade da sua conexão comprometida, a segurança das suas informações e dados é afetada e você pode até ser responsabilizado por crimes cibernéticos que não cometeu.

Abaixo, vamos analisar cada um desses problemas e outras questões que envolvem o compartilhamento de internet e o uso do sinal de Wi-Fi alheio.

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Os riscos de compartilhar internet com os vizinhos

Você vai lá, faz várias pesquisas e finalmente contrato um plano que atende as suas necessidades. Mas a partir daí, pode surgir um dilema: seu querido vizinho, percebendo sua alegria de navegar em alta velocidade, sugere que você compartilhe o seu sinal Wi-Fi com ele.

Quando você menos percebe, o seu plano de dados está sendo utilizado por muitas pessoas diferentes. O vizinho, as visitas do vizinho, o vizinho do vizinho. Por mais que seja um gesto de solidariedade, o fato é que compartilhar internet pode trazer vários problemas e dores de cabeça.

Compartilhar internet prejudica a velocidade

Quando você decide compartilhar internet, é impossível que a qualidade dela seja mantida ou controlada, uma vez que a velocidade de conexão pode ser totalmente consumida pelo vizinho ou pelo amigo. O roteador Wi-Fi não é uma simples máquina em que você consegue conectar quantos dispositivos quiser. Se, por exemplo, ele tem a capacidade de entregar 54 megabits, ele fará isso para um único dispositivo.

Caso você decida compartilhar internet com um segundo dispositivo, a capacidade dele pode cair para 30 megabits e, assim, sucessivamente. Resultado: lentidão e quedas de sinal passam a ser rotina.

Compartilhar internet afeta a segurança

Quando você opta por compartilhar internet com terceiros, você fica mais vulnerável a invasões, comprometendo a sua segurança. Isso pode ser explicado por que o Wi-Fi funciona por meio de computadores ligados entre si – seja por um sinal elétrico ou de rádio. E se você compartilha a internet com terceiros, significa que todos estão compartilhando informações.

Nesse caso, a segurança dos dados fica vulnerável, pois mesmo que você compartilhe com pessoas de confiança, alguém até mesmo de fora pode acessar a rede e ter acesso aos computadores, colocando seus dados em risco. Mesmo que isso possa acontecer também quando a gente não compartilha, é fato que esse compartilhamento aumenta o risco.

A pessoa que tem a senha da sua internet pode bisbilhotar o que o você está fazendo, está acessando, e ter acesso a informações privilegiadas. Além disso, o usuário pode não saber, mas se sua máquina for contaminada por um vírus ele pode se espalhar por toda vizinhança.

Compartilhar internet pode gerar problemas legais e com a polícia

A atitude de compartilhar internet soa como uma boa ação, mas pode trazer muita dor de cabeça para quem assinou o contrato. Em vigor desde 2014, o Marco Civil da Internet prevê direitos e deveres dos usuários de internet. Nesse caso, existem regras de conduta dos usuários e também dos provedores para que sejam criadas regras de rastreamento de crimes eletrônicos (como a pedofilia ou vazamento de dados por hackers, por exemplo).

Imagine, portanto, que você decide compartilhar internet gentilmente com uma pessoa que possa cometer esses tipos de crimes – ou que repasse a sua internet para terceiros que cometem crimes dessa natureza. Nesse caso, é o seu IP (como se fosse o número de identidade do seu computador) que será identificado.

Uma vez constatado o uso daquela rede para fins ilegais, o responsável pelo contrato pode ter que responder pelo ato. Caso alguém cometa algum crime como fraude bancária ou transmissão de arquivos de pedofilia, por exemplo, a primeira pessoa a ser investigada é a contratante do serviço de banda larga.

Se um vizinho invadir algum site usando este compartilhamento, o contratante do serviço é que será responsabilizado legalmente por isso. Quem fornece a senha ainda pode ter que se preocupar caso o contrato com a operadora proíba a prática.

Posso ir preso por compartilhar internet?

Dificilmente alguém vai ser preso por usar compartilhar sua senha. Em entrevista ao jornal A Tarde, a advogada Gisele Truzzi, sócia da Truzzi Advogados e especialista em direito digital, explica que o fato de uma pessoa utilizar o serviço de internet do vizinho, mediante pagamento parcial da mensalidade, não caracteriza crime, pois não há furto de sinal.

Mas o vizinho, sim, pode ter problemas. “Essa conduta poderá caracterizar infração contratual, em relação ao vizinho detentor do sinal e à operadora, caso o contrato de prestação de serviços possua cláusula vetando esse procedimento”, explica a advogada. Ela compara a situação a um caso de sublocação imobiliária e recomenda a análise atenta do contrato.

Os riscos de compartilhar internet com todos

Em determinados momentos, como durante as manifestações que ocorreram no Brasil em 2013, campanhas pedem que as pessoas tirem as senhas de suas redes de internet Wi-Fi. É uma forma de deixar suas conexões livres para outros usuários poderem usá-las e se comunicarem mais facilmente.

Entretanto, é importante lembrar que, ao abrir seu sinal, o dono da rede Wi-Fi fica vulnerável: além de a velocidade cair com o compartilhamento da conexão, também aumenta a possibilidade de seu computador ser invadido. O uso de senha e criptografia é a primeira exigência para ter uma rede segura, segundo especialistas.

Além da questão da segurança, cobrar por sinal compartilhado de internet pode ter implicações legais. Algumas empresas dizem ainda no contrato que o compartilhamento de rede (como no caso em que a conexão está aberta) é considerado ilegal.

De acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), quando um assinante monta uma rede Wi-Fi, ela não pode exceder o perímetro da residência. Além disso, o contratante do serviço não pode comercializá-lo com ninguém, independente de ter lucro ou não.

Furto de Wi-Fi é crime

Agora imagine a situação contrária: sua rede Wi-Fi estar sendo usada sem sem a sua permissão. Você chega em casa querendo assistir a um filme ou a sua série favorita. Porém, a internet fica lenta e o vídeo não carrega de jeito nenhum. Ou aquele vídeo de 2 minutos demora 30 para carregar e, mesmo assim, fica com qualidade baixa.

Se essas situações estão ocorrendo com certa frequência, sua rede Wi-Fi pode estar sendo usada sem seu conhecimento, e isso é crime. A pena prevista para quem invade uma rede de internet bloqueada é detenção de 3 meses a 1 ano e multa.

Os riscos de usar Wi-Fi aberto

Por fim, é importante estar atento ao uso de sinais de Wi-Fi aberto, como os de café e restaurantes. Quando uma pessoa se conecta a uma rede dessas, passa a compartilhar sua navegação com estranhos. Com conhecimento e equipamentos técnicos básicos, esses desconhecidos podem monitorar ou até mesmo modificar o seu tráfego de internet. Diferente das redes domésticas, que geralmente são protegidas com protocolos de segurança, as redes públicas de Wi-Fi são muito mais fáceis de invadir.

É possível que hackers usem uma técnica para enganá-lo de modo que você pense que esteja em uma conexão segura quando, na realidade, eles têm acesso a seus dados, inclusive senhas. Grande parte das ameaças em torno de uso da rede pública de Wi-Fi envolvem interceptações de dados. Então a primeira coisa ser feita é trocar suas senhas com a opção desconectar de outros dispositivos. E sempre desconfie de promoções ou mensagens que algum hacker pode usar para chegar até você.

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Gabriele Assif Kassel
Gabriele Assif Kassel
Gabriele Kassel é uma escritora freelancer de tecnologia e estilo de vida que mora em São Paulo. Com formação em ciência da computação, se especializou em escrever sobre tecnologia para grandes empresas, além de ter colaborado com publicações como Wired, Fast Company e Forbes.
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