Não espalhe boatos: aprenda a identificar fake news

 

Nos últimos anos, a internet se transformou num palco de discursos de ódio e notícias falsas. Estima-se que, em 2018, 12 milhões de pessoas espalharam notícias falsas pelas redes sociais. Aprender a combater e a identificar fake news é uma das maiores discussões no mundo digital atualmente.

Não é à toa que os tempos atuais estão sendo chamados de “a era da pós-verdade”. Segundo o Dicionário Oxford, a pós-verdade se refere “a circunstâncias nas quais os fatos objetivos têm menos influencia em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”. Ou seja, é um mundo onde as crenças importam mais do que a realidade. Ao mesmo tempo, a disseminação de notícias falsas ganha terreno, impulsionada pela internet e pela polarização política.

A palavra “misinformation” (que significa desinformação, ou informação errada) foi escolhida como a palavra do ano de 2018 pelo site Dictionary, uma das maiores fontes de pesquisa de vocabulário do mundo. Nos dois anos anteriores, o Collins Dictionary elegeu a expressão “fake news”. Em 2016, o Dicionário Oxford escolheu “pós-verdade” como o termo do ano.

Todas são palavras relacionadas à forma como as informações falsas ou equivocadas têm ganhado espaço e influenciado as nossas crenças e opiniões. A ideia de uma sociedade vulnerável a informações fabricadas pode parecer incompatível com uma realidade em que boa parte das pessoas têm acesso à informação na palma da mão, literalmente. Entretanto, é isso que tem acontecido no Brasil e no mundo.

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O que significa o termo fake news

O termo “fake news” é muito utilizado, porém pouco estudado. Os poucos especialistas no assunto preferem usar o termo “desinformação”. De acordo com eles, “se é fake, não pode ser news.” O que isso quer dizer? Que uma notícia de qualidade possui características intrínsecas que fazem com que ela não seja falsa.

Segundo o programa EducaMídia, uma notícia de qualidade traz os seguintes atributos:

  • É objetiva – o tom é neutro, apresenta fatos
  • É equilibrada – mostra diferentes pontos de vista
  • Apresenta evidência – os fatos têm sustentação
  • Cita especialistas – quem disse? As fontes têm credibilidade
  • Pode ser atribuída a alguém – quem é o autor? uma organização? É independente ou tem alguma motivação política ou financeira?

Já as fake news são inverdades, fabricações, mentiras. É importante diferenciá-las de notícias em tom de sátira ou humor, notícias tendenciosas, artigos de opinião, conteúdo patrocinado, jornalismo “preguiçoso”, erros de reportagem e títulos ou posts estilo “caça-cliques” (que encorajam o usuário o clicar para saber mais).

Como começaram as fake news

Indústrias inteiras são movimentadas pelas fake news. Desde boatos locais em comunidades, até o mundo das celebridades, passando por assuntos como saúde, política e finanças pessoais.

Agora você deve estar se perguntando: por que as pessoas propagam informações falsas? As principais motivações incluem enganar, ganhar dinheiro e persuadir – ou seja, mudar crenças e ideias.

A eleição de Donald Trump, nos EUA, e o Brexit, no Reino Unidos, foram influenciados pela divulgação de notícias falsas. Muitos eleitores não ligavam para a veracidade das informações, desde que concordassem com elas. No Brasil, as notícias falsas tiveram uma expansão nas eleições de 2018 e os escândalos políticos, que criam grande interesse, ganharam os holofotes.

Muitos políticos também usam a estratégia de acusar jornais, revistas e canais de televisão de estarem divulgando fake news, mesmo quando o conteúdo em questão segue as normas do bom jornalismo. Nesses casos, o objetivo é minar a credibilidade dessas fontes de informação.

Como identificar as fake news

Entretanto, não é simples fugir das fake news. É preciso desenvolver uma prática habitual da leitura cuidadosa e reflexiva. Para isso, deve-se criar o hábito de “interrogar” a informação ao invés de simplesmente consumi-la, avaliando seu propósito e qualidade e utilizando mecanismos básicos de checagem.

A dica é praticar um “ceticismo saudável”. Para isso, segui o seguinte roteiro: A informação causou em você choque, surpresa ou raiva? Pause! Não passe adiante ainda. Dedique um momento para investigar a informação.

Além disso, para fugir da desinformação e analisar se um texto, vídeo ou foto são confiáveis, faça as 6 perguntas abaixo:

  1. Os fatos se sustentam?
  2. Quem criou isto? Posso confiar nessa fonte?
  3. Qual é a história maior? Qual é o contexto?
  4. Para quem isto foi criado?
  5. Por que isto foi criado?
  6. Como esta informação está sendo apresentada?

Agora confira abaixo outras dicas para identificar fake news.

Passo 1: Analise

Antes de compartilhar um texto, é importante lê-lo com calma. Observe se ele possui palavras em letras maiúsculas, exclamações, abreviações, erros de ortografia e excesso de adjetivos. Desconfie se houver muitas opiniões, títulos sensacionalistas e dados sem indicar a fonte.

Passo 2: Pesquise

As pistas para identificar fake news vão além do texto. Sites com nomes parecidos com o de veículos conhecidos, que não identificam seus autores e não possuem informações de contato são suspeitos. Às vezes, os especialistas consultados nem existem. Vale dar um Google.

Passo 3: Confirme

Para identificar fake news, cheque se a notícia saiu em outro jornal, revista ou site. Tome cuidado, pois um conteúdo falso nem sempre é 100% mentiroso. Às vezes é só um trecho usado fora de contexto ou uma matéria muita antiga compartilhada como nova. Essa manipulação contribui para a desinformação.

Como as fake news se espalham

Pesquisas solicitadas pela startup de segurança Psafe mostraram que, no Brasil, cerca de 96% das informações falsas são disseminadas por meio do aplicativo de compartilhamento de mensagens WhatsApp. Segundo o Relatório de Segurança Digital de 2018, elaborado pelo laboratório “dfndr lab”, da Psafe, os três principais assuntos que são alvos de notícias falsas são: política, saúde e dinheiro fácil.

Um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) mostrou ainda que as fake news se espalham com uma rapidez 70% maior que as notícias verdadeiras, e atingem um público até 100 vezes maior.

Conforme esses estudos, os robôs virtuais desempenham papel importante na disseminação dessas notícias – porém, não é tão relevante quanto o papel dos humanos. Quem mais movimenta a indústria das fake news são usuários que as compartilham com seus perfis pessoais nas redes sociasis, ou por meio da criação de perfis falsos.

Por isso, use o bom senso. A notícia é ultrajante? Fez você ficar zangado? Parece estranho ou mesmo bizarro? Provavelmente estão tentando manipular você. Na dúvida, não compartilhe. Se parece suspeito, faça uma busca. Procure as palavras-chave ou parte do título + falso ou fake.

Os problemas causados pela dificuldade de identificar

As fake news ocorrem no mundo virtual, mas causam problemas reais. No início de 2018, o site YourNewsWire publicou um artigo sobre mortes relacionadas a uma vacina para gripe nos Estados Unidos, que depois se provou falsa – mas não sem antes gerar mais de 500.000 engajamentos virtuais no Facebook.

No Brasil, o próprio Ministério da Saúde admite que o combate às fake news é uma questão de saúde pública.

A disseminação de notícias falsas no comércio é estratégia comumente usada para conseguir dados pessoais de consumidores e aplicar golpes, afetando não somente os consumidores, mas também empresas. Não é à toa que 85% das empresas no Brasil estão preocupadas com o assunto, como afirma a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial.

De acordo com as pesquisas feitas por esta associação, 91% dos empresários entrevistados temem os potenciais danos que as notícias falsas podem causar à reputação da sua marca. Cerca de 40% temem perdas financeiras e o dano à credibilidade da empresa.

Serviços que ajudam

Conheça alguns serviços que ajudam a identificar e a combater notícias falsas:

  • Aos Fatos – Agência que verifica vídeos, correntes e memes que circulam na internet.
  • e-farsas.com – Criado em 2002, o blog foi um dos primeiros a desmentir boatos no Brasil.
  • S. Detector – Plug-in de navegador que analisa a veracidade e classifica o site acessado.
  • Vaza, Falsiane – Curso online, gratuito e interativo sobre notícias falsas.
  • Educamídia – Programa que capacita professores e organizações de ensino, além de engajar a sociedade no processo de educação midiática dos jovens.

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Gabriele Assif Kassel
Gabriele Assif Kassel
Gabriele Kassel é uma escritora freelancer de tecnologia e estilo de vida que mora em São Paulo. Com formação em ciência da computação, se especializou em escrever sobre tecnologia para grandes empresas, além de ter colaborado com publicações como Wired, Fast Company e Forbes.
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