Há quanto tempo você não usa o celular para ligações?

 

Você já parou para pensar quando foi a última vez que usou o celular para ligações telefônicas? Pois é, o uso dos smartphones para o envio de mensagens instantâneas, mensagens de texto, pesquisas na internet e acesso às redes sociais está cada vez mais frequente. Enquanto isso, o hábito de usar o aparelho para efetuar ligações está ficando em segundo plano — ou terceiro, talvez quarto plano…

Quem diz isso é um estudo conduzido pela seguradora de celulares BemMaisSeguro. A empresa entrevistou 300 brasileiros e chegou à conclusão de que 95,6% dos brasileiros usam os celulares somente para acessar a internet e aplicativos. Nada de ligação de voz.

Entre os millennials e a geração Z, a ligação telefônica não está com nada. Linhas fixas são coisa cada vez mais rara. E os celulares já têm aplicativos que bloqueiam ligações de desconhecidos e acusam ligações de telemarketing como spam, facilitando a decisão de não atender.

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Mas o que está por trás dessa tendência? O que leva as pessoas, especialmente os jovens, a não fazer nem atender chamadas telefônicas? E qual o impacto disso em nossas vidas? Veja abaixo o que os especialistas estão falando sobre o assunto.

O que mudou para deixarmos de usar o celular para ligações

No Brasil, com uma população de 209 milhões de habitantes, há mais de 228 milhões de celulares ativos, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Ou seja, temos mais aparelhos celulares que pessoas. E muita gente possui mais de um aparelho! Hoje, conseguimos fazer praticamente tudo pelo celular: de pedir comida e transporte até tirar uma dúvida com o médico, passando por comprar passagens aéreas e encontrar um encanador.

Detalhe: tudo isso pode ser resolvido sem uma única ligação telefônica. Essas soluções caem como uma luva para as gerações que têm menos de 40 anos e não se sentem tão confortáveis ao falar ao telefone. Muitos ficam angustiados quanto precisam ligar pra alguém, pois sentem que vão incomodar a pessoa. Da mesma foram que se sentem incomodados quando recebem uma ligação.

Uma mensagem de texto ou um email pode ser respondido a qualquer hora. Uma ligação telefônica exige tempo e energia que poucos têm.

Qual é o impacto

“Trocar a ligação por uma mensagem de texto ou de voz não é melhor nem pior do que antigamente, apenas diferente”, diz o antropólogo Michel Alcoforado, sócio-diretor da Consumoteca, que pesquisa hábitos da geração Z na América Latina. “Estamos lidando com uma nova dimensão da linguagem, em que as palavras têm uma força que é completamente diferente da entonação, do ritmo, da respiração e do gesto que a comunicação face a face proporciona. Isso tem um impacto na comunicação.”

Chats e aplicativos de mensagens permitem às pessoas pensarem antes de falar. “Esse controle da persona se dá muito mais fácil quando a gente tem uma conversa por escrito do que numa conversa ao vivo”, afirma Michel. A sensação de falar exatamente o que se quis dizer é um fator importante, que explica o medo que os jovens têm de dizer alô. Com as mensagens, as inseguranças ficam pra trás e você pode pensar melhor, editar e até consultar alguém antes de enviar.

O que está acontecendo no século 21 é a invenção de uma nova forma de se comunicar, uma nova sociabilidade, pautada pelo celular e pela palavra escrita. A geração Y foi a primeira a crescer com internet e linha móvel e, por isso, vive em outro ritmo, diferente das gerações anteriores. Hoje, todas as conversas devem ter um motivo pragmático, devem dizer alguma coisa e ter um objetivo. Isso não acontecia quando as pessoas ficavam jogando conversa fora ao telefone.

Mas porque trocamos as ligações pelas mensagens?

As pessoas nascidas entre 1981 e 1994 foram as primeiras a usar o celular como ferramenta de trabalho. Para a psicanalista Rebeca de Moraes, sócia-fundadora da consultoria de tendências trop.soledad, isso faz toda a diferença.

“A gente trabalha o tempo todo, ficamos no celular o tempo todo, então toda ligação é entendida como uma demanda que precisa ser atendida”, afirma Rebeca. “Estamos pouco preparados emocionalmente e psicologicamente para um mundo em que temos que responder demandas o tempo inteiro. Os millennials trazem esse dilema, podemos ser encontrados em qualquer lugar, mas não necessariamente estamos preparados para atender demandas em qualquer lugar.”

Uma pesquisa nos Estados Unidos apontou que 75% dos millennials ignoram ligações por consumirem muito tempo. Paradoxalmente, o tempo que passamos em frente à tela do celular vem aumentando a cada ano. No mundo, o tempo médio diário gasto com o uso do celular em 2019 foi de 2 horas e 51 minutos. No Brasil, são 5 horas por dia, em média, que passamos conectados ao smartphone, segundo um estudo da empresa Bank My Cell.

Saiba mais: Proteção na internet: tudo o que você precisa saber

O celular aproxima ou afasta

Ao contrário da crença mais ou menos estabelecida de que a tecnologia aproxima quem está longe e afasta quem está perto, uma pesquisa feita pelo trop.soledad aponta que, na América Latina, quem está conectado pela rede se sente ainda mais parte do mundo. No Brasil, 63% dos entrevistados se sentem satisfeitos com o tempo que passam no celular. Entre os latino-americanos, o número é maior: 67% se sentem mais conectados ao mundo e às pessoas, ao usar o smartphone.

Quanto mais tempo no celular, mais a gente se considera em contato com os outros. Passamos muito mais tempo conversando com outras pessoas durante o dia. Isso gera mais conexões e de outros tipos. Gera outras relações.

Etiqueta para o uso do celular para ligações (e outros)

Hoje o celular está presente no dia a dia de todos, mas a etiqueta no uso deste aparelho vai além de simplesmente manter suas conversas em voz baixa. Quem nunca se incomodou com alguém ouvindo música alta em seu aparelho dentro de um transporte público, por exemplo? Confira algumas dicas para evitar constrangimentos enquanto usa seu celular ou smartphone em público.

Para aqueles que ainda usam o telefone para ligações, é importante evitar discutir assuntos delicados em locais públicos. Quando esse tipo de assunto surgir, caminhe para um local isolado ou diga para a pessoa no outro lado da linha que você ligará de volta quando for possível falar em um lugar mais privado. Durante as refeições, reuniões, festas ou qualquer outro evento social, deixe seu celular no modo silencioso e evite atender ligações nessas ocasiões.

Em tempos modernos, poucos gostam de receber mensagens de voz. A melhor coisa a fazer é desligar antes do bip. Envie uma mensagem de texto ao invés de deixar a mensagem no correio de voz. É bem provável que você receba uma resposta bem mais rápido.

Celular minimalista só para ligações

Quem se sente nostálgico, saudosos dos tempos em que aparelhos eram mais simples, pode testar o Light Phone 2. Criado pela startup norte-americana Light, ele é um celular clean e minimalista, que só faz ligações e envia mensagens.

Essa não é a primeira versão do aparelho. Fundada em 2014 pelos empreendedores Joe Hollier e Kai Tang, a startup chegou ao mercado com o Light Phone, que só servia para fazer ligações e mostrar a hora. Na época, a empresa definiu o produto como “um celular bobo”. A ideia da empresa era que as pessoas deixassem seus smartphones em casa e fossem “curtir a vida”.

Agora, a Light traz ao mundo mais uma versão do produto, com novas usabilidades, como mensagens de texto e alarmes. Apesar da simplicidade do aparelho, seu preço, entretanto, é bastante salgado. Os interessados podem encontrá-lo por US$ 300 (quase R$ 1.200).

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Gabriele Assif Kassel
Gabriele Assif Kassel
Gabriele Kassel é uma escritora freelancer de tecnologia e estilo de vida que mora em São Paulo. Com formação em ciência da computação, se especializou em escrever sobre tecnologia para grandes empresas, além de ter colaborado com publicações como Wired, Fast Company e Forbes.
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